segunda-feira, 1 de junho de 2020

Leituras de Maio de 2020 - Lu Rabello


Maio, que mês mais lindo! Mês das mães, das noivas e da minha filhota! 10 anos de muita bagunça.
Só por tudo isso já teria sido um mês feliz, mas as leituras vieram para coroar. Só coisas boas! Vem ver


Casa de Bonecas – Henrik Ibsen

Já conhecia a peça de teatro homônima mas foi minha estreia na literatura norueguesa de Ibsen.
Esse dramaturgo escreveu diversas peças e essa é sua grande obra escrita no século 19.



Nora é uma jovem mãe de 3 filhos, casada com Torvald, um banqueiro que acaba de receber uma promoção na época do Natal. Ele a provê financeiramente financiando seus luxos e caprichos e fazendo todas as suas vontades…uma família quase perfeita.
Mas todo esse cenário aparentemente normal encobre muitas inconstâncias.
Logo de início notamos que a personagem Nora é um tanto fútil, irritante...porém, com o desenrolar da trama notamos que sua frivolidade esconde um segredo.
O marido de Nora é extremamente machista e a trata como a uma “boneca” - daí a relação com o título do livro. Toda a futilidade dela começa a entrar numa espiral de desespero ao ser confrontada por um credor que vem cobrar uma antiga dívida.

Essa peça de Ibsen (como outras) chocou as plateias da época por mostrar a verdade de muitas relações familiares escondidas em uma máscara de normalidade.




A estória já virou filme (bastante fiel ao livro) e já virou peça de teatro com inúmeras adaptações na Noruega e até aqui em terras tupiniquins. Ana Paula Arósio fez o papel da desesperada Nora aqui no Brasil.
Uma estória cheia de nuances psicológicas e reviravoltas.

Ainda falando sobre problemas psicológicos, li um outro livro que vai a fundo nessa questão

Havia começado, Quando Nietzsche Chorou em abril, mas finalizei somente em Maio.
Um livro que me deixou a sensação de que para melhor compreende-lo, deveria ser lido mais de uma vez.




O grande filósofo Nietzsche (na época, final do século19, não era conhecido como hoje) tem além de problemas de saúde, conflitos mentais que o estão enlouquecendo.
Por intermédio de uma amiga, ele conhecerá o Dr. Josef Breuer um renomado médico
que usará uma terapia “alternativa” para tratar seu mais famoso paciente.
A dita terapia, nada mais era do que um bate-papo. Hoje tão comum, a psicanálise na época estava apenas começando a ser estudada como uma possibilidade de tratamento, aliada a hipnose que Nietzsche também estava desenvolvendo. Nossos psicanalistas eram chamados de “médicos de angústia” por ele naqueles tempos. Um visionário que só foi compreendido anos após sua morte. Como ele mesmo dizia, suas ideias nasceram cedo demais, numa época em que tortura era método de cura para histeria e outros males.
Não só Nietzsche mas também o próprio Josef, tinha seus conflitos. E foi com a ajuda do filósofo que ele enxergou suas falhas.
Todos os personagens são reais mas não há indicios de que a história tenha se passado dessa forma como descrita no livro. Mas vale como uma introdução à ciência da psicanálise. E nos mostra um lado muito humano, demasiadamente humano*, com o perdão do trocadilho, de um grande filósofo. 
O autor, Irvin D. Yalom, reuniu essas grandes mentes em uma história ficcional mesclada com a realidade.
Por tambem ser psiquiatra, o autor imprime um tom de veracidade ao apresentar problemas que poderiam ser enfrentados por qualquer um de nós o que nos faz refletir sobre questões da nossa própria vida.
Um livro que vale (quase) por uma consulta médica

Como dito acima, pra ser melhor absorvido, o livro deve passar por uma boa releitura. Um prato cheio para estudantes de psicologia, mas também para o leitor interessado em uma história muito bem contada, recheado de pérolas filosóficas como essa:






Por fim, escolhi uma leitura mais leve para descansar a mente.

Nessa quarentena, a Amazon tem feito a festa de nós leitores com muitos títulos gratuitos para leitura no Kindle.
Entre os (muitos) que baixei, está esse:

O Bracelete Misterioso de Arthur Pepper





O livro começa de forma melancólica contando a vida de Arthur, um senhor de 69 anos que fica viuvo após 40 anos de casamento.
Depois de um ano de luto, ele arregaça as mangas e decide mexer nos pertences de sua esposa.
No meio de roupas e fotos, ele encontra um bracelete cheio de belos pingentes.
Intrigado, por nunca tê-lo visto com sua mulher ele passa a ficar curioso com o artefato e é ao ver uma belíssima esmeralda incrustada em um elefante que ele vai buscar saber mais sobre a joia e uma vida que ele não sabia que sua falecida Miriam viveu.

Ele vai descobrir uma vida anterior de sua esposa que sequer imaginava que ela pudesse ter vivido.

O quanto será que a gente conhece do outro? Ou melhorando a pergunta: o quanto nós permitimos que o outro conheça da gente?




Ás vezes, uma experiência não tão boa faz ver o mundo com outros olhos. Foi isso que fez o personagem chacoalhar sua vida infeliz. De Paris até a India, Arthur conheceu mais de sua esposa e ainda teve a chance de  sair do lugar comum e conhecer novas pessoas e lugares.
No fim, fica a mensagem de que nunca é tarde para nos aventurarmos.




Esse é o livro de estreia da autora inglesa Phaedra Patrick. Procurei mais a respeito dela e vi que somente esse livro foi traduzido no Brasil.
Uma estória gostosa, que li super rapido e posso dizer que mais uma capa bonita me entreteu  por horas. Um bom passatempo. Espero que a editora "Fábrica 231" traga outros  livros dessa escritora.

Parando aqui para pensar, parece que todos os livros lidos esse mês tiveram essa carga psicologica de uma forma ou de outra.
E foi tudo sem querer ou procurar temas similares. Coincidências da vida. Ou melhor, coincidências literárias.

Maio, um mês de boas leituras. Estou pronta para as de Junho e você?

Até a próxima
Lu

Siga-nos no Instagram


@tworeadergirls

@fabipsanchez78

@cristianeolis78

@culinariaehorta

@leilabookcook 

* Humano, demasiadamente humano é o título de um livro de Friedrich Nietzsche







Um comentário:

  1. Os dois primeiros tb li e adorei. O terceiro fiquei bem interessada! Resenha ótima, como sempre!
    Q venha junho!

    ResponderExcluir