sexta-feira, 7 de agosto de 2020

Desafio de escrita: Guisado de afeto - por Leila Jacob

Caro leitor, 
O desafio da semana é bem interessante, escreva sobre uma experiência com uma comida que goste ou odeie. Todos temos memorias afetivas na cozinha e claro algumas coisas que odeiam e não chegam nem perto. Pois bem, hoje vou contar minha experiência, espero que curtam.

Carne Guisada Recipe (Mexican Style) | Kitchen Gidget

Guisado de afeto


Quando se fala de comida meus pensamentos voam bem longe, desde novinha vejo as mulheres da minha família na beira do fogão conversando sobre a vida e cortando diversos ingredientes. A mistura dos ingredientes com as conversas variadas davam mais sabor a comida em si, por exemplo, poderia ter "O macarrão alho e óleo e como ensinar o seu filho ser menos mimado", "A galinhada e o dia que eu pari meu primeiro filho", "A feijoada e como conheci seu avô", entre outros infinitos assuntos.

Minha avó materna, que já descansa em Deus, era bem ranzinza, mas fazia pratos como ninguém, nos meus primeiros 5 anos de vida ela morou perto daqui de casa, como mamãe trabalhava os afazeres daqui de casa ficavam por conta dela, inclusive a comida ela preparava. 
Fazia tudo e no final sentávamos no chão, mesmo havendo mesa, e ela me dava comida na boca, eu amava essa boa vida.

A comida que ela fazia e eu amava, era o guisado de carne, era saboroso demais, não como aqueles sem cor e insosso que vejo por ai. 
Hoje eu sei que ela colocava vários temperos industrializados mas mesmo assim era delicioso, ela enchia o prato de arroz feijão, guisado e farinha de mandioca. Como boa baiana amava uma farinha de mandioca, me chamava pra comer e fazia bolinhos com mão e comíamos felizes da vida. Era como se fosse nosso queijo com vinho.

Depois que minha avó foi embora para sua terra natal senti falta da sua comida bem temperada, a sorte foi que ela deixou de herança a boa mão para refeições para minha mãe que faz um guisado idêntico.

Na ultima vez que ela veio nos visitar em 2009, mesmo ano que nos deixou, ela não podia mais cozinhar pois a saúde não permitia, minha mãe fez o tal guisado e ela comeu conosco, naquele dia eu falei como aquele prato era importante pra mim e ela mal sabia. Depois de varias tentativas eu consegui fazer um parecido, nada comparado ao das mulheres de mão cheia da minha família.

Eu poderia contar como eu odeio sushi, como eu passei mal comendo uma paella mal feita, o dia que eu odiei a lasanha com todas minha forças, e o dia que eu fiquei com raiva de pudim...essa historia vou contar daqui umas semanas, enfim o guisado de afeto de minha avó sempre vencerá.




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segunda-feira, 3 de agosto de 2020

Desafio de escrita - Almoço de domingo

Gente, já vou começar o post da semana pedindo desculpas, pois estamos 2 semanas sem postar o desafio de escrita, graças a que? Graças ao "Causos de Açúcar" que está bombando por aí pelo Brasil, inclusive, se você ainda não o tem vou deixar aqui o link pra compra do Causos de açúcar lá na editora Expressividade.
Mas, por mais que o Causos fale sobre comida, e o desafio seja exatamente "Falar sobre uma experiência com comida que goste ou não", não vou dar spoiler do livro e colocar um dos contos do livro aqui, vou lhes pôr no prato uma crônica que fala sobre um trauma alimentar que tenho, na verdade tenho vários causos sobre comida em minha vida, comida sempre gera assunto pra mim, então pode passar um café pra ler a crônica do cardápio de hoje.

Ensopado de coelho - Receitas – Cozinhar Sem Stress

Almoço de domingo

Era de praxe ao menos uma vez por mês descermos pra Peruíbe passar o fim de semana na casa dos meus avós paternos. 
E era uma alegria sem fim: Primos, praia, avô coruja e muita comida.
Bom, na verdade, a comida sempre foi quase um membro da família. Pelo lado da minha avó materna, a vó Estrella, lembro até hoje que quando chegávamos na rua da casa dela, que ficava lá bem em cima, no fundo do terreno alto, eu já sentia o cheiro do pernil com louro e limão, subia a rampa da casa pelo cheiro, e depois de muitos abraços e beijos, passava pelo fogão de ferro da varanda com o forno a mil, cheirando o que me chamava, mas quando entrava para a pequenina casa, o cheiro era doce, pois o bolo de fubá cremoso chamava cheiro de sobremesa pro meu nariz, tudo muito light como podem perceber, mas essas coisas demoram ficar prontas, então meu avô Pepe me levava até a Sociedade amigos do bairro de Camilópolis pra  exibir sua neta rechonchuda de longos cabelos vermelhos presos em laços pros seus amigos de bocha e dominó e enquanto ele jogava, só pra me distrair, comprava uma garrafa de 200 ml de gini ou de água tônica todinha pra mim, além de uma enorme barra de toblerone. Tudo meu, sem ter que dividir com nenhum irmão ou primo, mas era só pra passar o tempo, só pra formar laços, porque o almoço com todos ainda estava por vir.
Mas não era sobre o almoço da casa da minha vó Estrella que eu queria contar, era sobre os fins de semana na casa de meu avô Ramon.
Chegávamos cedo, já grudando com a maresia quente do litoral, e meu avô nos recebia, todo duro e troncudo, com seus olhos azuis penetrantes e mãos calejadas nos dando abraços fortes. Minha avó ao lado, mais distante, nos abraçava rapidamente e voltava pros seus afazeres na cozinha e à netaiada só restava ficar em volta do vô, que se fazia de difícil, mas por fim, fazia todas as nossas vontades:
- Vô, pode por a rede na varanda?
- Pode, calma que vou pegar.
- Vô, liga a tv?
- Calma que vou ligar.
- Vô, me leva na garupa de sua bicicleta.
- Levo, qual de vocês vai primeiro? Formem fila, e levanta a perna pra não pegar na corrente.
- Vô, leva a gente na praia.
- Vão se arrumar que eu levo.
E na praia era tanta aventura que tem história pra mais crônicas, mas deixa esses episódios pra outro dia.
Mas um dos pontos altos era:
- Vô, deixa eu ver os coelhinhos?
- Vem!
E aí era uma alegria só. 
Ao lado da casa do meu avô, tinha um terreno onde ele cultivava uma horta linda (naquela época, alimento orgânico e produção familiar era a única opção) e no fundo do terreno ele havia feito um pequeno galpão com muitas gaiolas suspensas com paredes e portinhas cobertas de tela verde ou preta. Ao chegar perto do galpão, o cheiro forte da amônia da urina com capim já ardia os olhos, que brilhavam, não sei se pelo cheiro ou pelo ver o que havia nas gaiolas: coelhinhos. Muitos, enormes, a maioria branco, mas alguns malhados.
- Este é o pai da ninhada nova - dizia meu avô com todo orgulho, como se falasse de seu filho varão, que diga-se de passagem, é meu pai - ele tem que ficar separado pra não cruzar de novo - os machos sempre ficavam isolados em suas gaiolas únicas - Esse de nariz preto é o pai dos filhotes mais velhos.
Filhotes, filhotes, filhotes!!!!
- Cadê os filhotes, vô?
- Aqui - e abria a porta da gaiola com uma mãe branca enorme e nove bolinhas de pelo ao redor - este são os mais velhos - e pegava uma bolota de pelo e colocava um em cada mão de cada neto - tenham cuidado pra que eles não arranhem, pois eles rabunham. 
Era uma fofura sem fim passar aquele pelinho na bochecha e ver o quanto eles entendiam o mundo pelo focinho que parecia ligado no 220 de tanto se mecher.
- Querem ver o pai? - não adianta, o orgulho do meu avô eram os machos. E pegava o bichão pelo cangote.
- Coitado,vô!
- Não dói nada, essa pele foi feita pra gente pegar ele mesmo. - E soltava o coelhão na horta. - Vão buscá-lo sem pisar na horta.
Era uma festa! 
E o vô ficava na frente do galpão, com as mãos apoiadas na cintura, mostrando todos os músculos atarracados dentro da regata branca muito orgulhoso de sua criação, de coelhos e netos. 
E assim passávamos a manhã, até que nos chamavam para lavar as mãos para comer.
As crianças sentavam-se numa mesinha quadrada a parte, pois a família era enorme, só as crianças, éramos em sete, as duas netas mais velhas já sentavam com os adultos, e a mesinha onde comíamos mora comigo hoje. Olho pra ela e me pergunto: Como sete crianças cabiam naquela mesa minúscula? Mas cabíamos.
E a vó servia o vô, e depois as noras serviam os filhos e a si e as crianças, parecia machista, pros tempos de hoje, mas não. Era uma questão de respeito hierárquico, e era tudo tão normal e automático, que não havia ofensas com as tradições.
E vinha um delicioso prato de batatas, cenoura, repolhos e couve (tudo da horta) com uma carne suculenta e apetitosa, toda dourada, regada com um molho caramelizado, com suco de maracujá do jardim. E me lembro do gosto da carne desfiando nos dentes combinando perfeitamente com as batatas que eram sempre a base de nossas refeições em família.
- Nossa, vó!!! Que delícia que tá esse frango!
Para minha surpresa, quem responde é meu avô, que à mesa, pouco falava com as crianças:
- Não é frango, Fabiana - escuto como se fosse hoje o Fabiana com o primeiro "a" bem aberto: Faabiana, puxando seu sotaque galego - é coelho.
Paralisei.
O garfo parou no meio do caminho. Eu olhava pra carne e pro meu avô, de um pro outro, tentando conectar a ideia.
- Coelho?
Os olhos azuis de meu avô me viram, mas ele não era um homem de arrependimentos e nem de falar muito. Tomou seu vinho tinto e esperou que eu reagisse positivamente, mesmo sabendo o quanto eu estava chocada. 
E infelizmente eu o decepcionei. 
Não consegui mais comer a carne... comecei a sentir o gosto de sangue no molho, invadindo os legumes e as verduras e até o suco. O coelho começou a pular da horta para dentro do meu estômago. Saltos enormes que vinham parar na minha garganta. Corri pro banheiro, mas não deu tempo... Acabei com o almoço de todos. 
E na verdade, até hoje meu avô deve revirar no túmulo. Não sou vegetariana, adoro o sabor de uma boa picanha sangrando saindo da churrasqueira, ou de uma panceta estralando a pele pururucada, mas não posso pensar que aquilo um dia foi um boi enorme, ou um lindo porcão rosado, pois se eu pensar... não desce!
Sinto muito, vô!

E é isso, pessoal! Meu trauma com carne vem daí, por mais que tenha afeto, tem coisas que não rola, não é verdade?
E vocês? Tem trauma de alguma comida? 
Conta aí pra gente!



sábado, 1 de agosto de 2020

Leituras de Julho de 2020 - Lu Rabello


Julho chegou! Mês de férias, de friozinho. Propício para ler…




Porém não foi nada disso o que ocorreu por aqui nesse julho atípico.


Primeiro por conta da epidemia que já se arrasta há meses, portanto, ninguém mais tem férias...e segundo que apesar do clima apropriado, não tenho conseguido me concentrar em ler nada de forma consistente.

Leio poucas páginas e já desanimo.

Já passaram por alguma ressaca literária? Estou tão chateada com essa condição. Ainda mais porque não terei tanto a conversar com vocês esse mês.

Um pouco do que li esse mês foi: 

A Mulher na Janela


Em junho comentei que estava lendo e agora em julho finalizei

Um livro que parece ter sido escrito para virar filme. O tipo de leitura que envolve.

Anna é uma mulher que vive só e passa seus dias espionando seus vizinhos, bebendo muito vinho e assistindo a filmes antigos. Até que presencia um crime.

Seu histórico de vida não a coloca como testemunha confiável, já que ela é vista bêbada e desacordada do lado de fora da casa. Como nada é o que parece nessa história, ficaremos “em cima do muro” até os momentos finais sem saber quem é o mocinho e quem é o vilão dessa estória.

O livro virou filme mas ainda não foi lançado devido a pandemia. Mas é um que vou gostar de assistir e entrar no clima de suspense da estória.

Depois fui para a Rússia, país dos meus queridos autores Tolstói e Gógol. Sempre acabo indo para esses lados nesse clima frio. Mais convidativo, impossivel. 

Entrei em contato pela primeira vez com Turgueniev  em, Primeiro Amor.



Mais que uma estória de amor e de descobertas  um retrato de uma sociedade hipócrita dos anos de 1860.

Quatro amigos se reunem para falar sobre seus amores de adolescência. Vladimir irá narrar aos amigos, e a nós, como conheceu o amor e aprendeu sobre a vida e valores familiares.

O estilo narrativo de Turgueniev nessa obra me lembrou os livros do período romântico Brasileiro, e autores como José de Alencar e Machado de Assis. Um livro (que quase se assemelha a um conto longo) que vale a pena ser conhecido se você nunca leu nada dessas terras. Não tem muito debate político (como todo Russo gosta) por esse motivo acaba sendo uma leitura mais fluida.

Depois iniciei 2 livros mas ainda não os concluí. Que vergonha!

Dei início à biografia de Edith Piaf. Não sou fã de biografias, lendo somente daquelas pessoas a quem admiro. E essa é uma das minhas queridas.


Uma grande cantora francesa, tão pequenina no tamanho e com uma capacidade de emocionar através da música, como poucos conseguem. Uma verdadeira diva. Não cheguei ainda na metade, mas estou gostando demais.

Outro iniciado foi “O café da praia”. Daqueles romances levinhos, bom pra espairecer depois de uma leitura mais pesada. Ainda não ha muito a falar pois estou bem no inicio.


Esse livro faz parte da coleção Romances de Hoje a Editora Arqueiro.


Tem como resistir a essas capas lindas?
Tem como resistir a essas capas lindas? 


Que tem no catálogo A padaria dos finais felizes e A pequena livraria dos sonhos entre outros. Li esse último e me encantei por sua estória linda e divertida.

E por fim, mas não menos importante, esse foi o mês de lançamento de "

Eu já recebi meu exemplar e estou muito feliz por essa conquista da minha querida irmã de coração!



A primeira obra de muitas que virão. Muito sucesso pra você, Fabi.

Pra quem quiser adquirir o exemplar pode ir ao site das lojas Americanas, Submarino ou ShopTime ou diretamente pela Editora responsável por trazer à vida um livro que vai adoçar os corações Brasileiros, a Editora Expressividade.

Todos passamos por fases menos “leitores” e não devemos nos sentir tão mal por isso, afinal, a vida é muito corrida, todos temos problemas, afazeres...mas vou confiando que no próximo mês tirarei o atraso. Me contem o que estão lendo e o que fazem para sair de uma ressaca literária

Até mais,

Lu


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