segunda-feira, 19 de outubro de 2015

Alice no país das maravilhas

Poxa vida, Fabiana! De novo Alice no País das Maravilhas?!?!
Tá bom, há pouco tempo fiz uma postagem sobre Alice aqui no blog, mas desculpem-me, não resisti: esses dias, fuçando coisas velhas, achei alguns textos, resenhas e monografias dos tempos de faculdade, e no meio dessa papelada, eis que está lá, minha resenha de Alice, ainda manuscrita, já que em 2000 meu acesso ao mundo digital era bem limitado. Fiz essa resenha para o curso de Literatura Infantil com a Doutora Maria dos Prazeres, que é uma fofa e me ensinou muito. Achei que seria legal compartilhar com vocês uma resenha realmente analítica, pois na grande maioria das vezes, o que posto aqui no blog, são meros comentários e impressões de leitura. Espero que gostem!

Resenha Crítica: Alice no País das Maravilhas

Quando ouvi pela primeira vez "Alice no País das Maravilhas", eu deveria ter uns 7 anos. Havia ganhado um disco com a história de Alice, mas todas aquelas maravilhas me amedrontavam. Era tudo muito distante do real e eu nunca consegui aceitar as maravilhas de Alice. Agora, com mais idade e munida de instrumentos para vasculhar a obra, tomei coragem e li o livro. O resultado foi surpreendente: ADOREI! Talvez tenha sido um dos melhores livros que já li em minha vida. Parece estranho, mas acho que deve ter uma explicação para reações tão contrárias.
Alice é um menina que parece estar entediada com o mundo real e, por isso, adormece, para criar o seu próprio mundo maravilhoso. Este mundo, ou "país", é um mundo onde animais falam e agem como seres humanos; onde o tamanho é um simples estado mutável constantemente; onde as regras sempre podem ser mudadas, cada um faz suas regras e, por isso que muitas vezes elas nem são válidas; onde o conhecimento real não é o mais valorizado; onde pessoas transformam-se em animais e desta forma tornam-se mais humanas; onde o tempo é muito mais longo do que o normal, contando apenas dias, meses e anos; onde tudo parece um jogo, já que quem "manda"neste país das maravilhas é uma rainha de copas, e os seus súditos são as cartas restantes do baralho, incluindo aqui que temos uma rainha altamente autoritária, porém a sua autoridade não se concretiza. Neste mundo maravilhoso, os valores da escola não são os mesmos da vida real e até mesmo o juri parece ser de ponta cabeça, com regras e leis totalmente fora do comum.
A história começa com Alice em um jardim com sua irmã mais velha. Apesar de um jardim parecer um lugar propício para uma criança se distrair, Alice parece entendiada e nada ao seu redor chama-lhe a atenção e começa a sentir-se sonolenta e ver as coisas ao redor meio diferentes, como um coelho com roupa e relógio, parecendo um sonho. Realidade e fantasia começam a se misturar, mas Alice aceita naturalmente a invasão do maravilhoso em sua realidade, aliás, ela é quem cria este maravilhoso em sua própria mente, e com o passar da história, a predominância do maravilhoso sobre a realidade vai tornando-se cada vez maior e a noção de tempo começa a aparecer bastante distorcida. Qual criança não deseja ficar grande logo? No "País das Maravilhas" de Alice, isto é fácil de acontecer, basta comer um pedaço de bolo, não é apenas fácil como também gostoso (crescer comendo, e comendo bolo!). Mas a garotinha vai mais longe em sua criatividade, pois ela consegue não só crescer, como também diminuir. O problema real de ser menor que os adultos ou grandinha demais para fazer bagunça, parece não existir no mundo das maravilhas, pois ela cresce ou diminui quando precisa ou quer.
No "País das Maravilhas" nunca se está sozinho e a solidão era um grande problema no mundo real para Alice, mesmo estando ao lado da irmã. Durante toda a história a mesma encontra animais ou objetos que falam e opinam (apesar de sempre serem opiniões um tanto quanto estranhas) e brincam (para brincar no "País das Maravilhas" não é necessário seguir regras ou ao menos criá-las, basta participar que ao final todos vencem).
Apesar de tudo parecer muito maluco, Alice não se desliga totalmente da realidade, usando alguns valores reais em seu mundo inventado, como por exemplo, os ratos do "País das Maravilhas", apesar de serem falantes e agirem quase como seres humanos, também têm medo de gatos e cachorros.
Muitas vezes, no mundo infantil, os animais têm a mesma importância e inteligência dos seres humanos. São poucas as  crianças que não conversam com animais, ainda mais quando se é tão só como Alice. Por isso há esta necessidade de preencher o vazio da solidão com a criatividade, fazendo dos animais quase seres humanos ou vice-versa, como no caso do bebê nervosíssimo que se transforma num porquinho calmo ao entrar em contato com Alice. Os valores se invertem e os limites entre o animal e o humano já não existem. Aliás, neste capítulo aparecem os primeiros seres humanos do "País das Maravilhas", que são a Duquesa e a cozinheira, duas mulheres de costumes violentos: a primeira tentava fazer dormir a criança com uma cantiga esdrúxula e sacudi-a fortemente, já a segunda jogava pratos e panelas para todos os lados, inclusive na Duquesa, sua patroa, e em Alice. Para contrastar com essas duas personagens, temos o guarda desta casa, que é um peixe muito calmo, e um gato que vive a sorrir. Com este jogo de contrários, percebemos que, par Alice, as pessoas comportam-se quase como animais e os animais como pessoas.
Os conhecimentos adquiridos na escola ou durante sua vida começam a perder o sentido quando Alice cai no buraco do coelho e estes vão sendo esquecidos e sumindo cada vez mais durante as aventuras até o ponto em que a garota confunde-se toda, já não fala mais nada com sentido ao tentar lembrar-se dos ensinamentos escolares. Ela deixa tomar-se pelo maravilhoso e seus pensamentos são envolvidos totalmente pelas idéias malucas do "País das Maravilhas". E esta perda de conhecimento da realidade confirma-se com o encontro de Alice e a "tartaruga fingida" que começa a contar tudo o que aprendera em sua escola maravilhosa. Os valores reais não servem para o mundo maravilhoso e vice-versa. E isto explica o porquê de Alice esquecer de seus ensinamentos reais: ela está contagiada pelo mundo da fantasia.
Em relação ao tempo, Alice também distancia-se do real. O chá com  a "Lebre Louca" e o "Chapeleiro"nunca tem fim, parece sempre ser as 5:00 da tarde, hora do chá. O relógio do "Chapeleiro" marca os dias, enquanto o da Lebre, os meses e os anos, fazendo do tempo maravilhoso um tempo mais longo onde pode-se gastá-lo inteirinho tomando chá ou dormindo como o "Ratão".
A lei e a ordem não são de grande importância no "País das Maravilhas", apesar de existirem. A Rainha, que parece tão autoritária ao mandar decapitar a quase todos, perde sua autoridade quando o Rei manda, ao contrário, poupar a vida de todos, Esta ordem maluca não atinge Alice, pois ela é a única a qual a Rainha não manda cortar-lhe a cabeça, exatamente porque Alice é criadora desse mundo e não apenas simples personagem.
Por fim, temos um tribunal às avessas que termina de confirmar o mundo e valores contrastantes entre real e maravilhoso. Neste tribunal as testemunhas não têm grande importância e seus testemunhos tornam-se distorcidos e pressionados pelo juiz. No julgamento, Alice que estava pequenina, ao poucos volta a crescer e é chamada para testemunhar. Neste momento Alice parece começar a voltar à razão argumentando com triunfo e lógica diante do juiz. Alice cresce cada vez mais e isto leva-a a continuar a argumentação sem medo de mais ninguém até voltar ao seu tamanho normal  e dizendo que não se importava nem com a Rainha, nem com nenhum dos moradores do "País das Maravilhas" e que tudo aquilo parecia absurdo. Nessa hora ela escuta a voz de sua irmã chamando-a à realidade. Alice acorda do sonho do "País das Maravilhas".
Com "Alice no País das Maravilhas", Carrol mostra um mundo fantasioso criado por uma menina que para fugir da realidade tenta buscar a felicidade e perfeição no imaginário, mas conclui que o maravilhoso por absoluto também não é feliz e perfeito, por isso volta à realidade. 
Talvez foi por não encontrar a perfeição nem na realidade e nem no mundo de Alice que tive medo dessa história quando era pequena.
Talvez porque apesar de Carrol conseguir tocar no fundo do imaginário e psicológico infantil, ele seja um adulto, e não uma criança.

CARROL, Lewis. GIACOMO, Maria Thereza Cunha de,  Alice no País das Maravilhas.  13a. ed. São Paulo: Melhoramentos, 1977.
É isso aí. Se eu fosse reescrever este texto hoje, mudaria muitas coisas: tiraria umas repetições, aprofundaria algumas análises em teor psicológico, mas enfim, foi lá na USP que essa história de gostar de analisar começou e essa resenha é um dos meus protozoários analíticos. Com certeza a professora foi generosa na nota.

Boas Leituras!

terça-feira, 13 de outubro de 2015

O Milagre

Hoje vim trazer mais um conto de babar de uma de minhas alunas da oitava série, a Vitória Maria. Espero que gostem:

O Milagre

Era um dia como todos os outros. Deivid acorda as 5:15 da manhã para poder ir ao trabalho que fica em outra cidade.
Sua esposa dorme um sono pesado. Ela dorme sorrindo, parece até que está sonhando. Deivid vai até ela e a acorda.
- Bom dia, meu amor! Estou atrasado, você pode...
Aline já dá um pulo da cama e diz:
- Por que você não me acordou antes? Ande! Vá se arrumar! Estou indo preparar seu café! Rápido, ande!
- Eu te amo! - diz abrindo um sorriso - Eu te amo tanto...
- O que está acontecendo? Está tudo bem? Você não costuma me dizer isso quando acorda - ela diz estranhando a atitude do marido.
- Está tudo bem, só acordei querendo dizer isso.
Aline o beija e vai até à cozinha preparar o café. Deivid senta-se, e sente um aperto muito grande no peito, mas prefere não dizer nada à sua esposa. Ele sentiu que algo aconteceria naquele dia, que a partir daquele dia algo mudaria, e ele estava certo.
A caminho do trabalho, Deivid dirigia um pouco acima do limite de velocidade, mesmo sabendo que aquelas curvas eram perigosas.
Ele sente novamente um aperto no peito, desta vez bem mais forte do que da vez anterior. Então ele fecha os olhos por um tempo, com a moto ainda em movimento. Abre os olhos e nada acontece, então ele faz a curva mais perigosa de todas quando...
PHÁÁH!!!
Deivid foi jogado longe de sua moto. Um carro deu de frente com a moto,fazendo-o ficar com a perna presa em um arame farpado que tinha em volta da beira de um rio. Gritava pedindo socorro para que alguém o ajudasse, mas o motorista do carro, por estar errado, não presta socorro e vai embora.
- Socorro! Socorro, me ajudem...
Ele sentia tanta dor que já não conseguia mais gritar, então seus gritos foram ficando mais fracos, diminuindo as chances de alguém ouvi-lo.
Deivid vai fechando os olhos, dando a impressão de que estava ficando desacordado, mas algo o segura em suas mãos e o puxa. Ele olha para sua perna  e vê que em volta dela está uma luz estranha, uma luz diferente em plena luz do dia.
- PUFFAPTZUN... - uma voz disse fazendo que a luz sumisse, sua perna ficasse solta e não sentisse mais dor nenhuma.
Deivid já não sentia mais dor e então desmaia. Ele acorda em um lugar desconhecido, um lugar lindo, com bastante luz, com flores e acessórios magníficos. Ele tenta se levantar mas não consegue muito.
- Deite-se! Não é bom que você levante agora - diz a mesma voz que disse aquelas palavras estranhas no lugar do acidente.
- Quem está falando? Onde você está? - Deivid pergunta apavorado - Apareça!
- Calma, calma! Você se sente melhor? A dor está suportável?
- Sim, só estou um pouco dolorido, mas quem é você? Apareça!
- Calma!
- Eu quero sair daqui! Quero voltar pra casa!
- Tudo bem, se você conseguir sair - a voz diz com um tom de deboche.
Deivid observa o local e percebe que não há portas, nem janelas, e então grita:
- Ahhhh! Me tira daqui... Eu morri, é isso? Eu estou no céu ou no inferno?
- Já disse para ter calma. Aqui não é o céu, muito menos o inferno. Você entenderá tudo se tiver calma - diz a voz com uma risadinha.
Surge então uma linda mulher flutuando sobre o local.
- Quem é você? - diz Deivid encantado com a beleza da mulher.
- Meu nome é Victória! - Diz a voz pousando ao lado de Deivid.
- Eu quero acordar! Chega de pesadelo.
- Já disse para ter calma, sua teimosia me deixa nervosa. Você não precisa acordar, pois isso não é um pesadelo.
- O que você é? Você pode voar? Você é uma fada?
- Não! Eu sou uma anja da guarda.
Deivid começa a dar gargalhadas, pois não acredita no que vê.
- Do que está rindo? Eu sou uma anja!
- Não dá pra acreditar, desculpe-me. Eu quero acordar!
-  PUTFADZUN - diz a voz fazendo Deivid sentir dor novamente.
- Tá bom! Eu acredito! Tá doendo! Pare, por favor!
- Tudo bem! - diz fazendo a dor sumir.
- Mas como assim? Podemos ver nossos anjos?
- Humanos, humanos, vocês são bobos! Quando uma pessoa está à beira da morte, mas ainda não está na hora de partir, nós aparecemos para salvá-las.
- Então isso não é um pesadelo?
- Eu já disse que não.
- Minha filha sempre disse que anjos existem.
- A Clarinha me conhece, ela já veio até mim no dia de seu nascimento, Mas ela não se lembra de nada, apenas acredita.
- Ela vai amar saber que também te conheci...
A voz o interrompe e diz:
- Você não se lembrará de nada!
- Mas por quê?
- É assim que acontece, isso é para você acreditar que milagres acontecem. Eu fui enviada pelos anjos dos anjos e agora minha missão está concluída.
Deivid ainda tenta entender, seus pensamentos estão confusos até que...
- Mas...
- Está na hora, volte e faça sua missão, você se lembrará apenas de uma coisa: Milagres acontecem...  PUTFAPTZUN - e tudo desaparece.
Deivid acorda no hospital, com dores suportáveis, mas com aparelhos à sua volta.
-Amor - diz Aline - isso é um milagre!

Boas Leituras!




domingo, 11 de outubro de 2015

Muncle Trogg: o menor gigante do mundo.


Muncle Troog é um livro o qual eu paquerava há tempos devido sua diagramação, ilustração, volume e enredo. Pensei em adotá-lo no quarto bimestre para leitura geral nos sextos anos, mas para isso precisava lê-lo. Pois então, tive a sorte de achá-lo numa mega promoção de internet e adquiri-o.
Leitura mega rápida, assim como imaginei, ilustrações e diagramação super convidativas, como imaginei, porém o enredo... 
Nunca havia lido nada de Janet Foxley, mas achei o primeiro livro dessa pequena saga de dois, meio chavão. Não sei se é porque há pouco tempo atrás li "Como treinar meu dragão", mas achei um enredo tão batidinho e sem originalidade... na verdade esperava mais.
O estória é sobre um gigante anão, que em sua pré adolescência sofre preconceito e é sempre deixado de lado por não se destacar em nada, nem na escola e nem na família, devido seu tamanho, porem alguns estudos e observações o levam a se destacar diante da sociedade de gigantes. No início não da forma desejada, mas no fim, Muncle Troog consegue salvar toda a sociedade de gigantes. 
Já viu essa estória antes? Pois é, eu já! Quem imitou quem, eu já não sei, se é que isso realmente aconteceu, pois tudo pode ser uma coincidência - as vezes acontecem essas loucuras sociais coletivas e várias pessoas começam a escrever sobre a mesma coisa ao mesmo tempo: tenham em vista as escolas literárias.
Mas enfim, o que se tira da leitura: não o adotarei aos meus alunos: muito clichê, e por mais que possa tocá-los e levá-los a identificação da exclusão social tão comum na adolescência, gostaria de levar aos meus alunos experiências literárias muito mais substanciais. 
Alguém indica um bom título?

Muncle Troog: o menor gigante do mundo
Janet Foxley
Intrínsica
224 páginas.

Boas Leituras!

quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Abandonem suas leituras!!!!




Como todos sabem, um dos objetivos principais desse blog é estimular a leitura e a escrita dos meus alunos.

Porem hoje, excepcionalmente, eu vim fazer o contrário. Hoje eu vim dizer a todos: ABANDONEM SUAS LEITURAS!!!
Calma, já vou me explicar.
A questão é a seguinte: quantas vezes você começou a ler um livro e logo na primeira página já viu que a estória não iria te prender, parecia chata, ou enrolada, ou cansativa? Bom, comigo já aconteceu diversas vezes e com meus alunos acontece toda semana, lógico, e não poderia ser diferente, já que muitos ainda não tem o hábito de ler e não conseguem se deter ao enredo, ou nem ao menos se concentrar ou parar quieto para iniciar a leitura. Por essas razões é que geralmente eu os forço, aconselhando-os "Dê uma chance pro livro! Leia pelo menos até a página 30 pra ver se realmente você não gosta!", e eles com aquela cara de "poxa vida, que chatice", voltam pra carteira e tentam ler mais um pouco.
Agora, quando você passou da página 30, 50, 100 e a coisa ainda não desenrolou, não tem o que fazer! ABANDONE SUA LEITURA! Chega! Não rolou a química, não bateu na hora certa, não deu namoro!!! Afinal de contas, tem um mundo de livros bons esperando você, não perca seu tempo com o que não lhe presta pra nada!!!
Vou dar como exemplo minha experiência. Fui à biblioteca e vi esse livro com a capa mega linda do Stephen Hunt "A corte do ar" (achei o título promissor, você não achou?), além do mais, eu tinha acabado de ler meu primeiro romance canadense, havia achado legalzinho e resolvi ler o segundo, agora um pouco mais contemporâneo. Trouxe-o para casa. Afff, patinei, viu! Acho que foram uns 10 dias tentando, investindo, e não rolou. Fui até a página 130, mais ou menos, e enquanto insistia, via minha pilha de leituras crescendo, e o enredo patinando, e a data da biblioteca vencendo.... corajosamente ABANDONEI MINHA LEITURA! 
Mas calma lá, tenho meus motivos pra isso. Primeiramente, o livro cria um mundo fictício - na verdade este é um subgênero da ficção científica que se chama Steampunk - que utilizava de vários neologismos não apenas linguísticos, mas também imagéticos, e pra acompanhar toda essa piração, precisava gostar do gênero e ter um tempo a mais para conseguir se acostumar com esse mundo paralelo à vapor (quem quiser conhecer sobre o gênero pode visitar o Tecmundo, lá você vai entender um pouco mais sobre o que estou falando) e não deu! Adoro ciências, mas não gosto de ficção científica. Também não gosto de sangue ou matança. Não deu! Não fomos feitos um para o outro! Pedi um tempo! Eu tenho o direito. Quem sabe um dia nós não podemos ser apenas amigos, não? 
Graças a Deus agora estou livre! Atualmente num relacionamento aberto com Clarice Lispector - a cidade sitiada - e com Leandro Narloch - Guia politicamente incorreto da História do Brasil. Meu relacionamento com ambos é muito diferente, mas estamos nos dando muito bem, mas essa já é uma outra estória.
Portanto, meus amigos, ABANDONEM SUAS LEITURAS E SEJAM FELIZES!


sábado, 3 de outubro de 2015

Poesias na sala de aula

Enquanto isso, na oitava série, a proposta de pesquisa foi:
"Pautados nas poesias que já leram em suas vidas, dos poetas que já conhecem ou que ouviram aqui em sala de aula, ou de eu falar e ler para vocês tragam uma poesia que gostem muito para serem lidas em sala de aula."
Qual não foi minha surpresa ao ver os poetas que nos visitaram e introduzidos na aula com as expressões:
"-Olha, prô, eu trouxe Drummond, e esse cara é demais!"
"- Dona, eu trouxe Clarice, e ela é f...!"
:O :O :O !!!
Só para desfrute dos leitores do blog, trago algumas das poesias que vieram das pesquisas dos meus alunos:

1.Poema de Sete Faces
Carlos Drummond de Andrade
  

Quando nasci, um anjo torto
desses que vivem na sombra
disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.

As casas espiam os homens
que correm atrás de mulheres.
A tarde talvez fosse azul,
não houvesse tantos desejos.

O bonde passa cheio de pernas:
pernas brancas pretas amarelas.
Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração.
Porém meus olhos
não perguntam nada.

O homem atrás do bigode
é sério, simples e forte.
Quase não conversa.
Tem poucos, raros amigos
o homem atrás dos óculos e do bigode.

Meu Deus, por que me abandonaste
se sabias que eu não era Deus,
se sabias que eu era fraco.

Mundo mundo vasto mundo
se eu me chamasse Raimundo
seria uma rima, não seria uma solução.
Mundo mundo vasto mundo,
mais vasto é meu coração.

Eu não devia te dizer
mas essa lua
mas esse conhaque
botam a gente comovido como o diabo.


2. Velhas Árvores 
Olavo Bilac

Olha estas velhas árvores, mais belas
Do que as árvores novas, mais amigas:
Tanto mais belas quanto mais antigas,
Vencedoras da idade e das procelas... 

O homem, a fera, e o inseto, à sombra delas
Vivem, livres de fomes e fadigas;
E em seus galhos abrigam-se as cantigas
E os amores das aves tagarelas. 

Não choremos, amigo, a mocidade!
Envelheçamos rindo! envelheçamos
Como as árvores fortes envelhecem: 

Na glória da alegria e da bondade,
Agasalhando os pássaros nos ramos,
Dando sombra e consolo aos que padecem! 

3. A Perfeição 
Clarice Lispector

O que me tranqüiliza é que tudo o que existe, existe com uma precisão absoluta. O que for do tamanho de uma cabeça de alfinete não transborda nem uma fração de milímetro além do tamanho de uma cabeça de alfinete. Tudo o que existe é de uma grande exatidão. Pena é que a maior parte do que existe com essa exatidão nos é tecnicamente invisível. O bom é que a verdade chega a nós como um sentido secreto das coisas. Nós terminamos adivinhando, confusos, a perfeição.

4. Para Sempre
Carlos Drummond de Andrade
  
Por que Deus permite
Que as mães vão-se embora?
Mãe não tem limite
É tempo sem hora
Luz que não apaga
Quando sopra o vento
E chuva desaba
Veludo escondido
Na pele enrugada
Água pura, ar puro
Puro pensamento
Morrer acontece
Com o que é breve e passa
Sem deixar vestígio
Mãe, na sua graça
É eternidade
Por que Deus se lembra
- Mistério profundo -
De tirá-la um dia?
Fosse eu rei do mundo
Baixava uma lei:
Mãe não morre nunca
Mãe ficará sempre
Junto de seu filho
E ele, velho embora
Será pequenino
Feito grão de milho

5. 
Minha Grande Ternura
Manuel Bandeira 

Minha grande ternura
Pelos passarinhos mortos;
Pelas pequeninas aranhas.

Minha grande ternura
Pelas mulheres que foram meninas bonitas
E ficaram mulheres feias;
Pelas mulheres que foram desejáveis
E deixaram de o ser.
Pelas mulheres que me amaram
E que eu não pude amar.

Minha grande ternura
Pelos poemas que
Não consegui realizar.

Minha grande ternura
Pelas amadas que
Envelheceram sem maldade.

Minha grande ternura
Pelas gotas de orvalho que
São o único enfeite de um túmulo. 


É, acho que estou tendo um dedo de influência nessa criançada! 

Boas Leituras!




Novidades da Draco

Postagem relâmpago, só pra divulgar as megas novidades da Draco:

Lançamentos da Editora Draco