domingo, 8 de novembro de 2015

Língua e Literatura no Youtube

Ficamos eu e o Alexandre levando uma surra hoje durante todo o dia para trazer essa novidade aos seguidores: Meu canal no Youtube.

Fabiana Perez Sanchez



Podem dar risada, não tem problema, tá tosco mesmo... :D Mas é um novo desafio. Na verdade ainda tenho bastante resistência com o canal, mas sabendo do apelo visual atual, estou me rendendo aos poucos, porem, aqueles que me conhecem, sabem o quanto sou teimosa, ou seja, é um mundo das incertezas quando o assunto é esse canal.
Vamos aguardar as cenas dos próximos capítulos para ver no que dá.
Espero que gostem e acompanhem por lá também
Bjks e Boas Leituras.

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Raigor Ferreira e "O príncipe congelado"

Sabem uma das coisas mais legais que vêem acontecendo desde que voltei com o blog? Conhecer pessoas legais, criativas, talentosas e inteligentes! 
Conheci tanta gente boa... A Marina com o Projeto Aperte a tecla, a Ana com o Projeto Lendo Clarice, o Rafa com o Projeto ALira, e tantos outros, e entre eles, essa semana, o Raigor entrou em contato comigo, muito gentilmente, pedindo para que lesse o seu primeiro conto O príncipe congelado.


"Nas terras longínquas do Reino de Arvoredo, os habitantes já estavam acostumados com um príncipe fora do tradicional. Phelipe, o herdeiro superestimado do trono tinha uma condição exótica e que fazia os moradores do Reino se perguntarem: “Como alguém pode ser tão gelado?”. A resposta para a pergunta não era simples e esmerada. Na verdade, era muito complexo entender o que tornara a majestade, um homem tão frio e indiferente."

Esse é só o comecinho da estória do Raigor, que por sua vez, adora Literatura Infantil, assim como eu, e que escreveu esse conto em umas férias no interior de SP, pra uma parenta dele de 10 anos que não curtia muito ler. O resultado foi que ela gostou tanto que nas férias seguintes ainda tinha guardado o manuscrito, então ele resolveu publicar. 
Quando recebi o conto, disse ao Raigor que faria um comentário de leitura aqui no blog, mas dessa vez o comentário não será meu.
Ontem li "O Príncipe Congelado" para meus filhos Henrique (9), Miguel (7) e Raul (4). Então vou dispor aqui os comentários e apontamentos deles:

"Nossa, mãe! O que aconteceu com o braço dele? O que é dilacerado? Coitadinho!" (Henrique)
"O rei é o do mal e a rainha é a do bem?" (Miguel)
"É a mesma princesa do Hora de Aventura?" (Miguel)
"Se ele derrete ele vive uma vida nova?" (Henrique)
"Eu gosto de batata frita também" (Raul)

Os comentários dos meninos deixaram alguém curioso? Então baixa o conto lá no Amazon! Nós por aqui curtimos muito! Parabéns Raigor e sucesso na nova carreira!

Boas Leituras!

domingo, 1 de novembro de 2015

Rafael Clodomiro na escola (23 de outubro)


Pois é, me apaixonei tanto pelo trabalho do Rafael Clodomiro que levei o Projeto ALira pra sala de aula.
Assistimos aos videos do Drummond, do Mario Quintana.... e lógico, a criançada amou e não deu outra: convidamos o Rafa pra se apresentar em nossa escola.


Foi um show!


As meninas então, deliraram...


O autógrafo rolou solto...


E as palmas concorreram com a poesia!
Obrigada, mais uma vez, Rafa, pela simpatia e amistosidade e parabéns pelo projeto! Muito sucesso!


Boas Leituras!

Projeto Lendo Clarice (21 de outubro)

Continuamos lendo Clarice!!!
Agora estou lendo o "A Cidade Sitiada", e como toda Clarice, dói. Mas na verdade não estou vindo aqui falar sobre o livro e nem sobre a leitura dele, deixemos esse assunto pra quando eu terminar de lê-lo.
Na verdade, hoje eu estou vindo aqui pra falar que esse projeto que surgiu lá no blog da Ana, está se espalhando de um jeito... Outro dia mesmo a Bárbara me lincou lá no blog dela falando que também está lendo, mas o que mais me deixou de boca aberta é que a criançada e as escolas aqui da região também estão lendo Clarice.
Essa semana recebi um convite da minha amiga Flávia lá da sala de leitura da Escola Elza para ler e palestrar um pouquinho sobre Clarice.
Quase pirei, né? Foi maravilhoso! As crianças todas quietinhas, escutando... E no final me vem um rapazinho do 6o. ano, que diz a Judite ser terrível, me perguntar: 

"-Nossa, Dona, a senhora é amiga dela?
- Eu sou!
- Você sempre a vê? Se encontra com ela?
- Não, ela morreu um ano antes de eu nascer!
- Nossa, então você é amiga dela porque você lê os pensamentos dela nos livros?
- Sim, isso mesmo! E se você quiser, ela também pode ser sua amiga!"

Diz se não é fofo demais escutar isso!
O conto lido foi "Felicidade Clandestina". Vamos ao conto:

Ela era gorda, baixa, sardenta e de cabelos excessivamente crespos, meio arruivados. Tinha um busto enorme, enquanto nós todas ainda éramos achatadas. Como se não bastasse, enchia os dois bolsos da blusa, por cima do busto, com balas. Mas possuía o que qualquer criança devoradora de histórias gostaria de ter: um pai dono de livraria. 
Pouco aproveitava. E nós menos ainda: até para aniversário, em vez de pelo menos um livrinho barato, ela nos entregava em mãos um cartão-postal da loja do pai. Ainda por cima era de paisagem do Recife mesmo, onde morávamos, com suas pontes mais do que vistas. Atrás escrevia com letra bordadíssima palavras como “data natalícia” e “saudade”. 
Mas que talento tinha para a crueldade. Ela toda era pura vingança, chupando balas com barulho. Como essa menina devia nos odiar, nós que éramos imperdoavelmente bonitinhas, esguias, altinhas, de cabelos livres. Comigo exerceu com calma ferocidade o seu sadismo. Na minha ânsia de ler, eu nem notava as humilhações a que ela me submetia: continuava a implorar-lhe emprestados os livros que ela não lia. 
Até que veio para ela o magno dia de começar a exercer sobre mim um tortura chinesa. Como casualmente, informou-me que possuía As reinações de Narizinho, de Monteiro Lobato. 
Era um livro grosso, meu Deus, era um livro para se ficar vivendo com ele, comendo-o, dormindo-o. E, completamente acima de minhas posses. Disse-me que eu passasse pela sua casa no dia seguinte e que ela o emprestaria. 
Até o dia seguinte eu me transformei na própria esperança de alegria: eu não vivia, nadava devagar num mar suave, as ondas me levavam e me traziam. 
No dia seguinte fui à sua casa, literalmente correndo. Ela não morava num sobrado como eu, e sim numa casa. Não me mandou entrar. Olhando bem para meus olhos, disse-me que havia emprestado o livro a outra menina, e que eu voltasse no dia seguinte para buscá-lo. Boquiaberta, saí devagar, mas em breve a esperança de novo me tomava toda e eu recomeçava na rua a andar pulando, que era o meu modo estranho de andar pelas ruas de Recife. Dessa vez nem caí: guiava-me a promessa do livro, o dia seguinte viria, os dias seguintes seriam mais tarde a minha vida inteira, o amor pelo mundo me esperava, andei pulando pelas ruas como sempre e não caí nenhuma vez. 
Mas não ficou simplesmente nisso. O plano secreto da filha do dono da livraria era tranqüilo e diabólico. No dia seguinte lá estava eu à porta de sua casa, com um sorriso e o coração batendo. Para ouvir a resposta calma: o livro ainda não estava em seu poder, que eu voltasse no dia seguinte. Mal sabia eu como mais tarde, no decorrer da vida, o drama do “dia seguinte” com ela ia se repetir com meu coração batendo. 
E assim continuou. Quanto tempo? Não sei. Ela sabia que era tempo indefinido, enquanto o fel não escorresse todo de seu corpo grosso. Eu já começara a adivinhar que ela me escolhera para eu sofrer, às vezes adivinho. Mas, adivinhando mesmo, às vezes aceito: como se quem quer me fazer sofrer esteja precisando danadamente que eu sofra. 
Quanto tempo? Eu ia diariamente à sua casa, sem faltar um dia sequer. Às vezes ela dizia: pois o livro esteve comigo ontem de tarde, mas você só veio de manhã, de modo que o emprestei a outra menina. E eu, que não era dada a olheiras, sentia as olheiras se cavando sob os meus olhos espantados. 
Até que um dia, quando eu estava à porta de sua casa, ouvindo humilde e silenciosa a sua recusa, apareceu sua mãe. Ela devia estar estranhando a aparição muda e diária daquela menina à porta de sua casa. Pediu explicações a nós duas. Houve uma confusão silenciosa, entrecortada de palavras pouco elucidativas. A senhora achava cada vez mais estranho o fato de não estar entendendo. Até que essa mãe boa entendeu. Voltou-se para a filha e com enorme surpresa exclamou: mas este livro nunca saiu daqui de casa e você nem quis ler! 
E o pior para essa mulher não era a descoberta do que acontecia. Devia ser a descoberta horrorizada da filha que tinha. Ela nos espiava em silêncio: a potência de perversidade de sua filha desconhecida e a menina loura em pé à porta, exausta, ao vento das ruas de Recife. Foi então que, finalmente se refazendo, disse firme e calma para a filha: você vai emprestar o livro agora mesmo. E para mim: “E você fica com o livro por quanto tempo quiser.” Entendem? Valia mais do que me dar o livro: “pelo tempo que eu quisesse” é tudo o que uma pessoa, grande ou pequena, pode ter a ousadia de querer. 
Como contar o que se seguiu? Eu estava estonteada, e assim recebi o livro na mão. Acho que eu não disse nada. Peguei o livro. Não, não saí pulando como sempre. Saí andando bem devagar. Sei que segurava o livro grosso com as duas mãos, comprimindo-o contra o peito. Quanto tempo levei até chegar em casa, também pouco importa. Meu peito estava quente, meu coração pensativo. 
Chegando em casa, não comecei a ler. Fingia que não o tinha, só para depois ter o susto de o ter. Horas depois abri-o, li algumas linhas maravilhosas, fechei-o de novo, fui passear pela casa, adiei ainda mais indo comer pão com manteiga, fingi que não sabia onde guardara o livro, achava-o, abria-o por alguns instantes. Criava as mais falsas dificuldades para aquela coisa clandestina que era a felicidade. A felicidade sempre ia ser clandestina para mim. Parece que eu já pressentia. Como demorei! Eu vivia no ar... Havia orgulho e pudor em mim. Eu era uma rainha delicada. 
Às vezes sentava-me na rede, balançando-me com o livro aberto no colo, sem tocá-lo, em êxtase puríssimo. 
Não era mais uma menina com um livro: era uma mulher com o seu amante.

Pra mim, ler Clarice é sempre um prazer! Mas espalhar Clarice, é muito melhor, Meu cinegrafista de 9 anos, Henrique (filhote lindo do meu coração), registrou a hora da leitura do conto. Atente para as duas garotas na frente da câmara, o interesse delas... Isso não tem o que pague...


Além do conto, também me apoiei na biografia escrita pela talentosa Nadia Batella Gotlib para fazer a palestra.
Me apaixonei! Saí de lá radiante, mais viva! Espero que vocês também!

LISPECTOR. Clarice. Felicidade Clandestina. In: Felicidade Clandestina. Rio de Janeiro, Rocco, 1998.
GOTLIB, Nadia Batella. Clarice: Uma vida que se conta. São Paulo: Edusp, 2013.

Boas Leituras!

Projeto Currículo em sala de aula (19 de outubro)

Como eu havia dito no começo do semestre aqui no blog, fiz muitos planos de aula para estimular os alunos a escreverem e lerem mais, e no ia 19 de outubro, houve a primeira culminância: a finalização do Projeto Currículo. 
 
O projeto foi realizado através das seguintes etapas:

1. Proposta de parceria com a empresa SatControl para que o RH da mesma analisasse alguns currículos de alunos para uma vaga de estagiário fictícia e que ao final de todo o processo, a empresa fizesse uma palestra aos alunos sobre a importância de ler e escrever bem para conquistar espaço no mercado de trabalho.

2. Foi proposto aos alunos que fizessem um currículo para a SatControl pleiteando uma vaga para estagiário. Não dei mais informações além dessas.

3. Li os currículos sem devolutiva, apenas para confirmar que a grande maioria dos alunos não faziam a mínima ideia de como construir um currículo.

4.  Apresentação e explanação de um currículo real.

5. Comparação com o currículo em estudo e o currículo dos alunos, fazendo com que os mesmos consigam avaliar aquilo que fosse necessário corrigir.

6. Reelaboração dos currículos.

7. Correção dos textos e escolha dos melhores para envio à empresa.

8. Análise dos currículos pelo RH da SatControl.

9. Dia da entrevista. Todos os alunos que tiveram seus currículos enviados (um total de 6 alunos), foram chamados para fazer uma entrevista real na empresa que consistiu num teste matemático, a formulação de uma redação, uma entrevista oral, um teste de conhecimentos de informática e específicos.

10. No dia 19 de outubro o RH da empresa veio até à escola fazer uma palestra para todos os alunos, falando sobre a importância dos estudos para se destacar em âmbito profissional, estimulando a garotada a levar os ensinamentos escolares a sério e aproveitar para parabenizar e presentear as duas alunas que se sobressaíram na entrevista. Além disso também foi feito um teste rápido de atenção e raciocínio entre os alunos, que participaram com entusiasmo.

Conclusões: No início muitos alunos nem se interessaram pelo projeto, nem escreveram o currículo, mesmo sabendo que valeria uma nota para o bimestre, outros fizeram de qualquer jeito só para entregar; mas conforme o projeto ia se desenvolvendo, os alunos iam sendo tocados: alguns ficaram arrependidos de não terem participado, outros ficaram com "dor de cotovelo", outros ficaram bravos, outros decepcionados consigo mesmos por não terem sido escolhidos e outros empolgados para os próximos projetos, ou seja, de alguma forma, a maioria dos alunos foram tocados, e era esse o objeto. A ideia era fazer com que eles percebessem que o ler, o escrever, o ir em busca do conhecimento, o se autoavaliar é algo que tem fazer parte do cotidiano, não para adquirir notas escolares, mas sim para conseguir êxito na vida.

Agradecimentos: Obrigada à minha diretora Andrea que sempre me apoia em minhas ideias malucas, e a empresa SatControl em especial ao João, a Alexsandra, ao Denner, ao Fabrício e a Rita que abraçou a causa tão simpaticamente!

Espero que o projeto inspire e traga novas ideias!
Boas Leituras!