Hoje venho trazer novidades por aqui: Nosso novo escritor parceiro Charles William Krüger
Charles William Krüger tem 30 anos, reside em Curitiba, e já escreve em blogs há vários anos. Publicou recentemente seu livro "Os Verdadeiros Gigantes" pela editora Catavento, e publicou seu conto "O escudo dos inocentes" na Amazon.
Atualmente, enquanto prepara seu segundo romance de fantasia, Charles posta semanalmente em seu blog http://charleskruger.blogspot.com sagas inéditas divididas em capítulos.
Só para dar vontade, aqui vai o primeiro capítulo das "Crônicas de Karak"
Eu não preciso da luz
Havia um grupo considerável de pessoas se afastando
daquele cemitério. A noite caía como um véu parcialmente iluminado pela lua.
Bem mais modesto que aquele brilho era o bruxulear de algumas velas deixadas
sobre os túmulos, onde também ficaram algumas lágrimas e incontáveis
recordações.
Alguns familiares voltavam abraçados, sendo também
esta a forma como morreram. O primeiro a perecer não teve tempo sequer para
gritar, e os seguintes não tiveram a chance de se lamentar antes de terem o
mesmo destino.
Era o terceiro caso de assassinatos em cemitérios
nos últimos dois dias. Não foi preciso que os noticiários locais dessem os
detalhes – até por não haver muitos. Um pequeno grupo de seres ancestrais
entendia o que acontecia e se reunia para decidir o que fazer.
***
- Acordem Karak! – um deles disse, enquanto coçava a
barba – Não faz sentido esperar que as coisas ganhem proporções maiores.
- Eu também acho – outro respondeu, andando de um
lado para o outro – Minha preocupação é se ele já está preparado. Se tivéssemos
mais tempo...
- Não acho que nossos inimigos já estejam totalmente
prontos também. Além disso, que escolha temos? – o indivíduo levantou-se, a
túnica branca arrastando-se pelo chão como um fantasma – Não podemos permitir
que haja mais mortes de inocentes. Essa é a parte mais importante de nossa
missão.
- Já há pelo menos três kowas em nosso mundo. Karak vai conseguir vencer todos ao mesmo
tempo?
- Vou acordar logo o Karak antes que você faça mais
perguntas. Na condição de Anciões, não podemos nos dar o direito de hesitar. Às
vezes, tenho a impressão de que você se esquece disso.
O Ancião ingressou no Mundo Híbrido. Uma espécie de zona mística de difícil acesso que
mesclava partes do mundo dos vivos e dos mortos. Era lá que Karak, o jovem que
tinha responsabilidade livrar o mundo dos vivos dos kowas, treinava. Ele sequer se lembrava de ter qualquer vestígio de
existência antes daquele mundo. Se ele tinha um passado, lhe fora apagado para
focar em sua missão. Um preço baixo levando em conta o tamanho de sua
responsabilidade.
- Está pronto?
- Sempre estive. Mande-me ao mundo dos vivos.
- Eu vou ficar aqui – Arubald teria que permanecer
no Mundo Híbrido como parte do acordo
com as entidades que regiam os três mundos – Mas Bald continuará na Terra. E
mesmo daqui, eu ainda poderei falar ao seu coração.
- Nada que eu já não saiba. Minha espada...?
Arubald tirou de sua túnica uma lâmina em miniatura,
e a um comando a transformou em uma espada respeitável. Havia inscrições de
natureza arcana permeando parte do aço da arma, que se intensificaram quando
Karak empunhou aquela que seria sua nova aliada.
- Posso ajudar em mais alguma coisa?
- Quando puder, saberá. Obrigado por tudo até agora.
Karak retornou ao mundo dos vivos, deixando Arubald
no Mundo Híbrido.
***
- Papai, o que eu faço para a saudade da mamãe
passar? – o menino tinha no rosto lágrimas tímidas, como quem lutava contra a
tristeza.
O pai apenas abraçou o filho. Visitar o túmulo de
sua amada esposa era sempre doloroso, embora ele fizesse questão de sentir
aquilo, até como uma forma de valorizar os momentos que passou com ela.
As lágrimas vieram, tanto pela tristeza quanto pela
dor de ver a tristeza do filho.
- Chore, meu filho. Chore bastante que a tristeza
passa.
O pranto foi interrompido por um susto. Um barulho
inesperado em um local até então deserto. Quando se viraram, notaram a presença
de um ser horrível. Monstruoso, de aspecto simiesco, membros grossos formado
por músculos desproporcionais, cabeçorra com bocarra que gotejava sangue
fresco, chifres disformes, pele viscosa e globos de luz maligna fazendo a
função de olhos.
A criatura veio de encontro às vítimas quando uma
espada se interpôs, para em seguida golpeá-la. Houve um urro infernal, e um novo
golpe, dando a pai e filho a chance de fugirem sem grandes perguntas.
Karak posicionou o corpo adequadamente. O kowa urrou outra vez e fitou seu algoz.
Houve um momento de tensão, um armistício de segundos no qual um podia estudar
o outro. O guerreiro entendeu apenas com um olhar que não venceria em condições
normais.
- Luz!
O corpo de Karak foi revestido por uma espécie de
armadura prateada, dando-lhe um aspecto levemente animalesco. Sua espada ficou
maior, mais larga e mais brilhante. Deu um passo para frente, e o kowa recuou.
Arubald e Bald podiam se comunicar mesmo estando em
mundos diferentes. Estavam ambos um tanto apreensivos com o desfecho daquela
batalha.
- Ele parece confiante, Arubald. Não há com o que se
preocupar.
- Ao menos, ele percebeu rapidamente a força do
adversário e se transformou logo. Mas há um problema, Bald. E eu não sei se
conseguirei ajudar a resolver estando aqui no Mundo Híbrido.
- Problema? Só vejo o kowa recuando ao ver o poder de Karak. De que problema está se
referindo, Arubald?
De fato, aquilo surpreendeu até Karak. Não estava
preparado para lidar com tal adversidade.
Depois de transformado, ele não conseguia enxergar.
Particularmente eu achei as narrativas dele super interessantes, movimentadas e cheias de aventuras. Fica então aí as dicas de leitura do Charles.
E aguardem em breve teremos mais parceiros e novidades por aqui no blog!