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Me escondi na orelha de uma página,
pois o vento secava minha membrana e a sensação que me causava era
desesperadora. Cada folheada, uma agonia.
E não era só o vendaval que me fazia
sofrer.
Meu pântano, local tão pacato, se
estremece com soluços de um animal desconhecido: Era comprido, branquelo, tinha pelos longuíssimos e amarelos em sua cabeça e parecia que havia passado
por algum tipo de vegetação colorida – que eu desconhecia - , pois seu corpo
estava coberto de folhas grandes e vermelhas, estreitas e azuis. Com certeza
era um predador, pois com essas cores ele não se mimetizava, não tinha medo de
ser devorado, e sua boca, era do tamanho de meu corpo.
Aquela voz que me acompanhou a vida
toda, que nunca soube de onde vinha – talvez de dentro dos meus pensamentos...
- , que sempre descrevia minhas ações, como mágica, e fazia ventar minha vida,
soprou na minha mente que, esse monstro desconhecido chamava-se princesa,e que
seus soluços, chamavam-se choro.
Fiquei parado.
Bem
ali: atrás daquela moita.
Perto
do número da página.
Do
lado do lago.
Escondido:
para que o monstro princesa não me devorasse.
(Maldito
mosquito! Foi ele quem me delatou! Se ele não tivesse aguçado o meu instinto de
gula...).
Quando
dei por mim, aquelas patas quentes e branquelas me seguravam delicadamente, e
como algum ritual canibal, o monstro princesa soprou um hálito doce sobre minha
membrana que fez estremecer minhas pernas traseiras.
Não
adiantava, não havia mais como escapar.
Sua
bocarra aproximou-se de meus olhos que, esbugalhados, viam a morte cheia de
dentes, com uma língua enorme e gorda em minha direção.
Tudo
ficou escuro.
Minha
boca sentia um gosto doce e melado.
(Calma
aí!!! Fui eu quem comi o monstro?!?)
Apenas
sentia aquilo se mexendo em minha boca.
E
tudo escuro.
Mas
quando, aos poucos, a luz voltou aos meus olhos, o monstro princesa ainda
estava lá; parado bem na minha frente, com a bocarra cheia de dentes
arreganhados para mim – apesar que agora sua boca não parecia tão grande
assim...
...ou
ela diminuiu , ou... eu aumentei.
Tentei
entender.
Olhei
para o resto de meu corpo:
“SOCORRO!!!
SOU UM MONSTRO PRINCESA!!!”
Já
não cabia mais na orelha da página para me esconder.
Ouvi
a voz de minha consciência dizendo:
FIM
(01/07/2015)
Boas Leituras!
Haha, muito bom! Quanta criatividade! To adorando os textos :)
ResponderExcluirwww.naestradadafantasia.com
Obrigada por acompanhar os textos, fico feliz por estar gostando! Bjks! Boas Leituras!
Excluir👏👏👏👏
ResponderExcluirMuito bom Fabi!
Que bom que gostou, Leiloca!
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