Bimestre chegando ao final, semana de provas.
Na escola onde trabalho, neste período do ano, é feita a aplicação de uma prova bimestral de matérias diferentes a cada dia, e isso faz com que, todos os professores, involuntariamente, apliquem os testes de seus colegas. Acontece que hoje, a prova era de ciências, em todas as salas, e eu estaria com a oitava série na avaliação de química.
Ligações iônicas.
Passava os olhos por aquelas tabelas periódicas sobre as mesas, os lápis rosnando no papel, os elementos químicos cercados de bolinhas e aros por todos os lados...
Comecei a ficar meio tonta...
Parecia ouvir o ranger dos cérebros das crianças...
Até que algo me faz retornar a minha fantástica realidade: um enorme farol vermelho sobre a mesa de uma de minhas alunas: Um livro de aproximadamente 400 páginas, chamado "Giselle: a amante do inquisidor". Não sei do que se trata a história do livro, mas apenas sei que ele estava ali, bem no cantinho da mesa, como que espiando aquela lógica irracional, esperando como âncora de salvação para a pobre da aluna que tinha a expressão facial mais dolorida que uma prova de química pode provocar (ainda bem que não existem provas de química todos os dias, se não a coitadinha teria marcas de expressão vincadas já aos 14 anos como uma mulher de 40 as tem).
Ela me viu olhando para aquele quadro o qual ela era apenas uma co-adjuvante entre a arte literária e a racionalidade material.
E me sorriu.
Olhei em seus olhos, olhei par a capa do livro, para a prova e de novo fixei-me em seus olhos e a pobre me entendeu: Ainda haveria vida após a prova de química!
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