segunda-feira, 2 de novembro de 2020

Desafio de escrita "A chave da neblina" - por Fabi Sanchez

 Ola, povo que lê!


O tema desta semana é: Escreva uma história baseada em algum sonho que teve

Este tema está sendo bem polêmico para mim, pois quando escrevemos, geralmente pesquisamos sobre o tema, mas como pesquisar sobre seus próprios sonhos? Busquei pela memória e conversei com meu filho e marido, ouvindo seus sonhos, mas, quem me ajudou mesmo a lembrar do sonho que me marcou profundamente, foi a Leila. Obrigada, Leiloca! E partindo dele, me baseei para escrever um sonho mais amplo e que atinge algumas mulheres. Não sei se ele também irá te atingir, mas espero que ao menos toque em seu mundo onírico.










A chave da neblina


Havia tanta neblina por todos os lados que eu mal conseguia ver o que estava a minha frente. O caminho era estreito, as árvores e arbustos o apertavam ainda mais, mas mesmo assim era mais largo que uma trilha. 

Parecia minha vida.

- Nossa, Ágatha, você é uma garota de sorte! Era o que todos diziam. 

- Você é tão esperta, mais do que isso, sua inteligência a destaca diante dos demais.

- Você deve estar muito feliz por ter o cargo que tem, não é para todos, com certeza.

- Seus cabelos castanhos combinam tanto com seu olhar verde brilhante! Qual o segredo para manter sua pele tão aveludada e sem sinal de expressão?

- Sua dieta e rotina de exercícios devem ser muito intensos, porque, menina, vou te dizer, você está com um corpão e tanto!

Quanta bobagem. 

Eu apenas seguia em frente.

E esperava.

Sim, sou uma mulher independente, adoro estudar, me esforço e sempre tento fazer o meu melhor, apenas isso. Quem vê a nata da minha alma, logo já vai me rotular como uma mulher forte, moderna e feminista… e sozinha. 

Ele nunca veio!

- Que bobagem! Esta seria a frase que todos diriam caso eu contasse para alguém que eu o aguardo, e ainda completariam com um belo : você não precisa de ninguém para ser feliz!

Não preciso, mas então por que não sou?

É tudo tão lindo, florido, arborizado, bem definido, mas também tudo tão absolutamente frio, sombrio, nebuloso, triste. Este é meu caminho, minha vida. Esta sou eu, a bem sucedida, inteligente e linda Ágatha. Quanta bobagem. Embalagem vazia, tronco sem seiva, isso é o que sou.

O que é isso? Um ritmo longínquo adentra meus pensamentos... Tambores?

Sim.

Escuto ao longe atabaques, ritmados. Meus pés me guiam sem se conectar a minha mente. Eu deveria organizar os pensamentos, os atos. Seguir em frente, dispersando a névoa ao meu redor, mas meus pés me levam por um desvio do caminho por onde os tambores ficam mais audíveis e a luz da Lua mais nítida. Aos poucos a névoa vai se abrindo, deixando tudo para trás.

Vejo estrelas no céu negro e meu coração Lua inicia um experimento único, brilha-se.

Avisto de onde vem o ritmo do couro dos atabaques, o casarão amarelo é grande e parece vibrar. Conforme chego mais perto percebo que há um guardião na porta.

Não preciso entrar no barracão, sei bem em que me transformo, com o que me conecto diante dos tambores, mas aquele som em específico, levou-me a ele: o guardião.

Meus pés pararam, finalmente, junto com o silêncio que se fez. Diante de seu peito liso, negro, brilhante, alto, largo e tantas outras palavras que não definiriam o que era, levantei meus olhos aos dele e encontrei a luz que desfez a neblina do meu caminho interno.

Ele.

Seu sorriso firmou-me como âncora. Minhas raízes foram envolvendo seus pés, subindo lentamente por suas pernas longilíneas e seu abraço tomou-me, finalmente, como a única flor diante de um mundo de jardins, e pela primeira vez na vida eu era plena, completa. A alegria tomou conta de meu peito como eu nunca havia sentido antes, um preenchimento tão terno que emocionada, chorei em seu ombro.

Eu o havia encontrado, depois de tantas longas vidas neblinadas, eu o havia encontrado e sentia que nada mais era preciso, pois ele guardava. A chave. 

Sua boca era larga, marrom, baú de suas pérolas sorriso, guardava mistérios infaláveis de quando havíamos nos encontrado há tantos séculos passados. As palavras eram irritantes e insuficientes por isso as matamos. Seus lábios… tocaram os meus e senti luar meu coração com todos os segredos femininos que existem em meio a todas as gerações de mulheres de minha linhagem. Abrindo-se diante do guardião do meu caminho e sua chave. Éramos um só.

E os tambores voltaram a tocar ao longe, nada mais importava.



Bem, meus caros leitores, sonhos muitas vezes são bobos, mas são muito particulares. Se algo expande do seu inconsciente para o consciente, é porque deveria ser conhecido. Portanto, qual o mal em seguir seus desejos mais profundos e ser feliz? Quais são seus sonhos?


Bjks e Boas Leituras

Fabi


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